Boechat é um dos poucos GRANDES
jornalistas do Brasil. E no episódio Boechat 1 x Mala-faia 0, lavou a alma de
muita gente... Mas precisava fechar daquela forma?
A polêmica da rola do Boechat ou
do Malafaia, tanto faz, entupiu a minha linha do tempo e o meu tempo em si. Por
isso resolvi escrever. Vamos lá:
Logo que a resposta do Boechat
começou a ser compartilhada nas redes, senti-me incomodada. Aquela rola no
final me incomodou muito!!! Incomodou, pois achei grosseiro e ponto. Por ser
tão homofóbico/misógino quanto os discursos de Malafaia. Do pastor raivoso e
intolerante eu espero uma grosseria assim, do jornalista esperava mais classe.
Quando se está numa discussão com
alguém que grita, se destempera e fala palavrões... é fato: quanto mais calmo
se é, quanto melhores os argumentos e a educação, mais as pessoas ouvirão e
darão razão a quem se controla.
O que Boechat conseguiu, foi
lavar a alma dos que já concordavam com ele. Mas aposto que, ao mandar o pastor
procurar a rola, não convenceu nenhum fiel de que a tolerância vale à pena. Ao
contrário.
Para defendê-lo um séquito de fãs
que diziam: “Qualquer um se descontrolaria”, “foi dito sem pensar”... Espero,
realmente, que o nobre jornalista não tenha pensado em dizer isso de antemão. Mas
a sociedade não pode arcar com certos “descontroles”. Nesse sentido, a crítica
a meu ver, é parte de um amadurecimento da tolerância.
Perdoar a falha por ele estar
nervoso, “na hora da raiva”, é usar a mesma argumentação de que o marido matou
a mulher, pois se descontrolou de ciúme, de amor. Matou por amar demais. Senhores,
amor não mata, ou pelo menos não deveria.
É na hora da raiva, da
irracionalidade que aparece o senso comum da sociedade que vive, mesmo que
preso, dentro de nós. Todos aqueles preconceitos que racionalmente não temos,
mas estão lá, arraigados nas categorias pelas quais enxergamos a realidade. É
na hora da raiva que se chama o negro de macaco, que a mulher mau humorada é
assim por ser mal comida, que o obeso é um “gordo safado”, que a mulher pobre
vira “empregadinha”, que alguém se torna um “viadinho”, (que em geral é
associado ao fato do gay ser feminino e portanto menos capaz).
Sendo assim a censura em prol do
respeito à sociedade que queremos ser, se faz necessária. Precisamos evoluir
até o ponto em que ser gay, negro, subempregado, etc. não “saiam” como
xingamentos na hora do descontrole. Se na hora da raiva “saiu”, parafraseando a
propaganda: “você precisa rever seus conceitos”.
Ninguém que criticou o Boechat,
critica o discurso como um todo. Criticamos essa colocação (para manter o duplo
sentido da coisa toda), é pontual. Se eu for preconceituosa em qualquer
momento, por favor, critiquem! Assim como puxarei orelhas alheias pelo mesmo
motivo.
Por último, para passar o
atestado de machismo da nossa sociedade, muitas mulheres públicas já deram boas
trauletadas na TV, no rádio, nas publicações virtuais ou impressas, contra esse
fundamentalismo cristão. Mas talvez, por serem elas a dizer, não tenha o
discurso (bem melhor argumentado) reverberado tanto por aí.
Ficamos assim, Boechat, eu
continuo te ouvindo de manhã e respeitando como jornalista, mas na próxima
oportunidade... deixa a rola de fora dessa.
Afinal, quem dera os problemas do
mundo fossem tão facilmente resolvidos pela presença do falo masculino.
PS: Freud, valeu a tentativa, mas
da rola, a gente só tem inveja na hora de fazer xixi em WC público mesmo...

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