quarta-feira, 27 de setembro de 2017

ANAUÊ, Ana Paula do vôlei... ou a "pátria" particular de Ana Paula

Eu fiquei realmente chocada com o texto da ex-jogadora de vôlei Ana Paula, publicado FOLHA de SÃO PAULO sob o título Filhos da Pátria, no maior estilo integralista do novo milênio. É tanto absurdo que não me contive e resolvi responder alguns trechos (que transcrevo abaixo) que me causaram mais espanto.
Segue meu "papo" com a Ana Paula



“Acredito que você já ouviu falar que eu e Ana Moser não somos melhores amigas. O que talvez você não saiba é que quando estávamos juntas defendendo o Brasil nas quadras daríamos tudo, como demos, uma pela outra.”
Isso Ana Paula, chama-se ser adulto.
Tds nós trabalhamos com quem não gostamos e engolimos para realizar trabalhos muitas vezes com impactos muito maiores na vida da população brasileira do que ser o melhor do mundo no vôley.

“a oportunidade de mostrar ao mundo a força e o talento do nosso esporte eram infinitamente maiores do que qualquer desavença ou picuinha.”
Cara atleta, eu tenho muita dificuldade em entender por que razão deveríamos estar preocupados em mostrar ao mundo o talento esportivo brasileiro. Pode ser uma dificuldade minha, mas ainda acho melhor o Banco do Brasil investir em tecnologia, que é produto com valor agregado (Pergunta ao Aécio o que é isso que ele explica), e nos torna mais relevantes e competitivos no cenário internacional, do que troféus e medalhas. Talvez por isso os países com maior IDH no mundo, não sejam grandes campeões olímpicos, sei lá...
Fico na dúvida, se você entendeu a razão do protesto dos atletas norte-americanos. Prefiro achar que você não entendeu, do que achar que você chama o fato de a  polícia executar cidadãos negros, e sair impune de “picuinha”.

"E se perdermos a América, Deus tenha piedade de nós."

Fiquei confusa aqui. Nós quem? Os norte-americanos? Mas você não defendeu o Brasil nos campos? Só para lembrar, naquela aula de geografia que você faltou na escola, por que estava treinando, ensinaram que América é um continente e Estados Unidos DA América um país. Só para esclarecer...

“protagonistas dessa ingratidão com os heróis que deram tudo pelo país que hoje esses jovens milionários, mal informados e mimados, desdenham.”
Tô confusa, caríssima, de novo... os milionários, mal informados e mimados são quem mesmo? Pois, parece-me mal informado quem não sabe que nos guetos negros, longe dos bairros milionários e mimados, a polícia, primeiro atira, e depois pergunta.

“A arquibancada ainda é patriota.”
Bom, por aqui nos telejornais, mostraram só os jogadores e não a torcida. Fica o questionamento, (para mim, que não acompanho esportes, ainda mais os gringos), quanto custa o ingresso para um jogo? Quem compõe essa arquibanda? “Milionários, mimados e mal informados” como você?

“Esportistas como os astros da NFL fazem parte de um panteão de ídolos que servem de modelo e exemplo para as crianças que vêem neles, ou deveriam ver, o resultado positivo de anos de esforço, dedicação, persistência, resiliência e superação.”
Há muito que não. Pelo menos, não para muitas mulheres... sugiro que vc assista ao documentário The Hunting Ground e veja a relação numérica de atletas acusados de estupro nas universidades norte-americanas. O super nadador, que não me lembro o nome, mas que não esquecerei jamais que tomou um porre na Olimpíada do Rio, inventou que foi assaltado e foi, na realidade, desmascarado pela polícia. Posso citar exemplos, também do nosso país: Neymar sonegador, Bruno assassino ... O tempo de exemplos como Ana Moser e Sócrates já passou, infelizmente, e com eles, foi também o pouco de admiração que pessoas, como eu, têm com esporte profissional.



“Se os ídolos desta geração não podem mostrar um mínimo de respeito e reverência aos símbolos nacionais por dois minutos, como justificar que outros façam sacrifícios reais pela pátria? Como lutar até a morte pela bandeira que envergonha os astros da nação? O que dizer para viúvas, pais, mães, irmãos e filhos que perderam seus entes queridos nos campos de batalha?”
Diga: Anauê, Ana Paula!

“mas quando o radicalismo ideológico de uma geração desorientada, perdida e manipulada derrota os laços mais básicos que unem o país, começamos a trilhar um caminho que não pode terminar bem”
Foi mal Ana Paula, eu estava tentando manter o nível, mas... aqui falou a “pata” da FIESP, neam?
Conte-me... o quanto “desorientada, perdida e manipulada” vc estava quando apoiou publicamente o Aécio? 
Ou estou sendo arrogante e você, da mesma forma que acha que protestar contra a execução de inocentes por parte da polícia é "picuinha", deve achar que um helicóptero com 1/2 TONELADA de pasta base de cocaína é uma bobagem também. 

“Ali não somos Ana Paula ou Ana Moser, somos o Brasil.”
Aí está o grande problema interpretativo dos atletas. Não, meu bem, a seleção de vôlei não é “o Brasil”, é apenas a seleção de vôlei “do” Brasil. O Brasil é feito pela gente que nasceu e que vive nele. É feito de milhões de brasileiros que no dia a dia da luta pela sobrevivência, seja na favela ou seja na floresta, não tem tempo ou tecnologia para sequer lembrar que você existe. 
Pense no esporte mais popular do Brasil, o futebol. Existem times competitivos no Maranhão? No Acre? Não... eles se concentram nos estados mais ricos. No nordeste os times da série “A” estão na Bahia e em Pernambuco, estados historicamente importantes da região. De resto estão os times do sudeste e do sul. Isso, Ana Paula, acontece pq não existe tal coisa como “o” Brasil. São muitos os “brasis” dessa “nação”. Há a nossa realidade privilegiada; há os negros que morrem nas mãos da polícia nas periferias, como nos EUA; há os lavradores que morrem nas mãos dos grandes proprietários no norte e nordeste, como os índios; há as crianças que se prostituem para alimentar a família... será que eles preferem saúde, educação e moradia, ou uma seleção campeã?

“Uma das lições mais importantes da política é que não devemos e não podemos politizar cada momento das nossas vidas." 
De novo, não. A grande lição que nos resta aprender enquanto “nação” é que a vida É política. E que tudo que decorre da política têm impactos diretos na vida de todos, que não devemos deixar “para lá”. Não é uma escolha politizar os momentos de nossas vidas, pois eles são políticos por essência. Acho que vc devia procurar entender melhor o que significa política...

Ao contrário de você, acho vergonhoso que os atletas-celebridade desse país só usem sua imagem pública para louvar a deus e a si mesmos. Acho triste que nossos atletas não pareçam se sensibilizar com a realidade das nossas crianças negras, índias e pobres que morrem todos os dias pela opressão. Realidade essa, que tantos deles já viveram. Que o ídolo maior Neymar não só não defende “o Brasil” como deixa de pagar os impostos que bancam a educação das crianças suas fãs... Isso sim, Ana Paula, é jogar contra o Brasil... Ao contrário de você, essa atitude dos atletas norte-americanos me trouxe de volta a fé na humanidade dentro do esporte profissional...
No mais é isso...

Comte e Plínio Salgado te mandaram uma beijoca! 

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