terça-feira, 14 de maio de 2013

Eu vos declaro... Felizes!



O "casamento gay" foi reconhecido no Rio. Ponto para nós, cariocas, concorde ou não você com a matéria em si. Por matéria entende-se o tema, objetivamente, da questão que é: casais formados por indivíduos do mesmo sexo poderem casar , e não se você acha certo ou "natural" que eles existam. O tomate que comemos não é exatamente "natural", mas... 

Se pararmos para pensar, há elementos no ser humano que categorizamos como sendo "naturais" e que recriminamos, como o preconceito, por exemplo. Há conceitos como a ética e a moral, que são valorizadas pela sociedade. É... difícil às vezes explicar racionalmente aquilo que simplesmente sentimos. E como discutir o que é ou não natural, diante das elaborações da racionalidade humana? 

Se sentimos, apenas, é de foro privado certo? É nosso. Então, em tese, interessa só a nós e a um ou outro amigo, com quem tenhamos mais tempo para conversar. E bastaria que nós, vivêssemos de acordo com as nossas convicções, (mais uma vez, acompanha um pronome PESSOAL, note bem). Assim como não deveria ser do meu interesse o casamento da moça que senta ao meu lado no ônibus. Então por que se importar? 

Importo-me na medida em que acredito, por princípio, que a sexualidade dos outros, contanto que respeite os direitos humanos e o código penal, não são assunto meu. Portanto, qualquer um tem o mesmo direito civil que eu. Por outro lado o direito ao contrato civil do casamento tem implicações práticas na vida dos homossexuais: plano de saúde, herança, título de clube, etc. Na minha, não.

Se o preconceito é natural no ser humano, a tolerância é a elaboração ética da razão. É a esse exercício que devemos dedicar o tempo. Sempre "não gostaremos" de algum grupo, mas é necessário conviver. E conviver é reconhecer que tem os mesmos direitos, e que, como para todas as nossas outras convicções, essa também possui exceções. E que se EU não gosto, trata-se de um problema individual MEU, certo?

É necessário que se entenda que por melhor que seja a retórica de quem fala, ampliar direitos à um grupo que, diferentemente de todos os outros nunca os teve, é o contrário de dar privilégios. Quando se privilegia se negam direitos a todos os grupos, exceto claro, a categoria beneficiada. É um ato excludente. Se os direitos antes negados a um grupo e permitidos à outros, são ampliados e passam a valer para todos, trata-se de promoção de igualdade.

Acredito que o preconceito é o elemento que há de mais natural nessa discussão. Sempre haverá um grupo que não compreenderemos, não aceitaremos ou rejeitaremos à priori. Mas é necessário que se tenha em mente que o que sentimos não é racional. Uma sociedade em que cada indivíduo "aceite" todos os estilos de vida, pontos de vista, não é utópica. Haver consenso significa que não há ninguém questionando, isso não é positivo para o desenvolvimento social. No entanto uma sociedade que se orienta coletivamente por princípios legais e racionais e não pelas paixões individuais, é uma sociedade mais justa, mais igual, melhor.

Há tantas regras criadas que não tem impacto real em nossas vidas e para as quais não damos, por isso mesmo, atenção. Há outras, no entanto que modificam diretamente nossa qualidade de vida, e não fazemos nada contra.

Aproveita mais a vida que entende que não é preciso gostar ou concordar para respeitar. Mas, esse é o tipo de coisa que se leva a vida inteira exercitando...



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