terça-feira, 7 de maio de 2013

Nós, latino americanos


“A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.” Eduardo Galeano



Somos latinos, mais ainda, somos latino americanos.  Lembramos disso em alguns raros momentos. Somos latino-americanos, na maioria das vezes, em nossa baixa auto estima.  Quando por ventura um “povo” qualquer assim nos identifica. Quando ridicularizam nossos líderes, nossos movimentos e nossa cultura.  Ou, quando, nós mesmos, nos encarregamos disso. Somos mais na doença que na saúde.

Lembramos também de onde somos, em função da Copa Libertadores que recebeu esse nome na tentativa de homenagear aqueles que, em tese, libertaram-nos de nossas metrópoles europeias.  Líderes cujos nomes não sabemos citar, e que, curiosamente, hoje, leva também o nome de seu patrocinador: uma instituição financeira espanhola.  Mas, não. Não torcemos juntos. Não torcemos uns pelos outros. Somos mais na derrota que na vitória.

Somos latino americanos na incapacidade, na incoerência, no fracasso de nossas tentativas de sermos respeitados enquanto cidadãos.  Acreditamos que somos parecidos no quão risível é nossa infantil busca por uma independência real.  E rimos, de nós mesmos, e de nossa suposta incapacidade para a organização. Estamos identificados com os “absurdos gloriosos” de nossas Histórias oficiais e oficiosas. Somos mais na morte que na vida.

Sentimo-nos latino americanos nos momentos em que pensamos que somos, sim, um pouco patéticos, um pouco ridículos e bastante cafonas... Só conseguimos nos reconhecer, quando olhamos para nós mesmos com os olhos de quem nos olha “de cima”.




Conhecemos um pouco do que é peculiar dos diferentes cantos deste continente “ao sul dos Estados Unidos”.  Assim como o samba, a bossa nova, o Jorge Amado, a caipirinha e a bundinha são os “cartões de visita culturais” brasileiros de amplo espectro, não necessariamente nessa ordem...

Mas não somos só isso. Não somos só samba, caipirinha e etc. Somos também Chico Science e Sepultura. Não gostamos de tudo, mas nos orgulhamos de nossa diversidade e seguimos sem enxergar outras pluralidades  outras riquezas tão próximas.  Essa vasta região não é somente “salsa y merengue”. 
  
FOMOS índios e imigrantes dos mais variados cantos da Terra. Essa é a nossa origem, não o que SOMOS.  De lá para cá construímos muita coisa, nos modificamos. Nossas raíses são uma parte importante, formadora dessa cultura, mas fomos além. E se na cultura, em constante transformação por princípio, fomos capazes de nos reinventar, por que não o fizemos com a visão que temos de nós mesmos?



A resposta é simples, por que estamos preocupados demais em sermos inimigos no saldo de gols. Por que investimos muito tempo e energia perpetuando preconceitos criados quando o Brasil ainda era uma monarquia, única no continente e cujo rei era português. Compramos brigas que não são nossas, e sobre as quais sabemos pouco, numa atitude verdadeiramente imperialista. Por que desde os tempos imemoriais do que hoje chamamos Brasil, insistimos em olhar para o mar, para fora, quando na verdade deveríamos olhar para nós mesmos, nós latino americanos, e nossos problemas comuns.




(Para quem quiser conhecer um pouco mais do que se faz pela América Latina afora em termos de cultura urbana e cosmopolita - nada tradicional - farei nos próximos dias uns posts com minhas sugestões de filmes, livros e... ROCK n' ROLL é claro!)


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