No fim de semana o Maracanã reabriu.
Depois de 3 anos em obras, depois
de drenar dinheiro público suficiente para transformar o Rio em Mônaco, o
estádio mais famoso do país reabre, e será privatizado.
Há, em linhas gerais, duas formas
de se ver o Estado. A primeira é a visão de um “Estado mínimo”, o que significa
na prática pouca regulamentação, principalmente com relação às atividades
econômicas. Além disso, defende-se que o Estado deva ser enxuto e não oneroso.
Devemos pagar menos impostos e receber menos serviços. “Enxuga-se” o Estado
entregando sua administração à iniciativa privada, regida pela natural
maximização de lucros. É o caso das OS’s , por exemplo.
Outro grupo defende um Estado de
caráter mais social. Ou seja, que Estados tem natureza e função diferentes de
empresas e devem, por isso, ser regidos por outra lógica. Devem primar pelo bem
público. Responsável, em última instância, por garantir condições básicas de
vida aos cidadãos. São perspectivas de Estado em que o bem estar social está
acima dos demais princípios. O Estado existe “por” e “para” o cidadão.
São apenas formas opostas de
pensar, cada uma com seu mérito. O radicalismo é exatamente o que nos cega
nessas questões. É preciso saber ouvir, apurar as boas ideias de cada modelo,
refletir, adaptar...
Voltando ao Maracanã, a realidade
é que não se pratica nem uma política liberal, nem de viés social. Pratica-se
uma junção torta em que o Estado protege o grande capital. Gastamos fortunas
dignas da Arábia Saudita para reformar um estádio, que no fim das contas ficará
menor, e o entregamos a um consórcio de multinacionais que cobrarão muito mais caro
por um bem cultural nosso e reformado com o nosso dinheiro. Que te parece?
Enquanto essa manobra foi armada
havia muita gente lutando para que as coisas não tomassem, novamente, esse
rumo. Mas eram poucas vozes se comparadas às que gritaram um dia “O Maraca é
nosso!”. Onde estão os torcedores que dizem amar o futebol? Que dizem que
futebol é “religião”? Que se orgulham da
cultura “boleira” da cidade, do país? É esse Maracanã que querem? Cadê os "apaixonados" pela camisa, pelo Rio e seus símbolos? Calaram-se as vozes que bradavam os gritos de torcida? Reclamarão depois dos contratos assinados?
É até compreensível, embora eu
discorde, que se defenda uma posição em prol da privatização, mas não, nunca,
nesses termos. Sem qualquer
contrapartida. Fui duas vezes ao Maracanã. As chances de que eu vá de novo são
ínfimas, salvo alguma “revolução” à la Pinochet. Sempre defendi que o futebol
trazia problemas não só para o Brasil, mas também para a integração latino-americana.
Mas essa negociata me incomoda, pois se dá à custa do nosso dinheiro.
A Fifa já impediu as baianas da
Fonte Nova e o São João de Salvador. Mexeu na lei da “meia-entrada”, o Mineirão
na estreia foi um desastre e não foi o único, o Engenhão fechado, e todo mundo ligado na tabela do
brasileirão... Sempre achei que quando violassem o “Pão e Circo” de verdade, o povo se mexeria
mais. Bom, o circo já pegou fogo... os cariocas continuarão no bar assistindo o
jogo...
Agora, do lado de fora.
Com a palavra, Lúcio de Castro (ESPN), que entende muito mais de Maraca e de futebol do que eu, e que esteve na reinauguração da nova "arena", nada monumental, igual a todas as outras e para poucos...
http://www.espn.com.br/post/326086_mataram-meu-maracana-podem-chamar-de-estadio-justo-verissimo
Agora, do lado de fora.
Com a palavra, Lúcio de Castro (ESPN), que entende muito mais de Maraca e de futebol do que eu, e que esteve na reinauguração da nova "arena", nada monumental, igual a todas as outras e para poucos...
http://www.espn.com.br/post/326086_mataram-meu-maracana-podem-chamar-de-estadio-justo-verissimo

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