No Brasil todos são obrigados a
votar. No entanto, parece ter sido incorporada pelo senso comum, a ideia de que
um dos problemas na política nacional é a compulsoriedade do voto. Defende-se,
hoje, de forma bem ampla, que uma vez que o voto não fosse uma obrigação, só
haveria votos conscientes. Mas será que essa tese se aplica ao Brasil?
Mesmo o voto sendo constitucionalmente
obrigatório, há flexibilidade. Há a possibilidade de justificá-lo ou
anulá-lo. Justificar exige um trabalho
maior, claro. Mas anular o voto nos casos de total descrença, protesto, ou
insatisfação com as opções disponíveis, é muito fácil.
Os descrentes, de modo geral, são
os mais alienados. Usam a descrença como desculpa para sua alienação. Quem não
acompanha nada só vê o escândalo na TV. Político que trabalha e não rouba não
aparece na mídia. Não seria justamente
quem pensa que ninguém na política tem caráter o primeiro a fiscalizar? Não
deveria se envolver? Quem desconfia de um funcionário não o acompanha mais de
perto?
O voto nulo pode até ser um
protesto, uma vez que, representa em números a insatisfação do cidadão. Mas
qual o efeito desse protesto? Qual a consequência? Os maus políticos fazem a festa! Se não estão
nem aí para a população, tampouco estão ligando se os eleitores estão ou não
satisfeitos. Sempre terá um miserável disposto a trocar seu voto por comida. Se
por ventura conseguíssemos a maioria de nulos, invalidando a eleição,
gastaríamos mais dinheiro para fazer outra. E aí? Dessa vez faz o que? Vota em
alguém? Anula tudo de novo? Até quando? Melhor tomar coragem e fazer logo uma
revolução!
Mas há o voto nulo consciente, quando
numa ou noutra eleição específica, diante das opções disponíveis, o eleitor
decide anular. Aí, é legítimo.
Por ser obrigatório, as pessoas
decidem não anular? Se isso acontece, a não obrigatoriedade não acabaria
“selecionando” como eleitores somente aqueles que votariam em troca de algo?
Mesmo que isso não acontecesse, se nenhum político é ético, como muitos vociferam por aí, para quem seriam
esses tais votos conscientes?
Nenhum comentário:
Postar um comentário