sábado, 20 de abril de 2013

Voto obrigatório



No Brasil todos são obrigados a votar. No entanto, parece ter sido incorporada pelo senso comum, a ideia de que um dos problemas na política nacional é a compulsoriedade do voto. Defende-se, hoje, de forma bem ampla, que uma vez que o voto não fosse uma obrigação, só haveria votos conscientes. Mas será que essa tese se aplica ao Brasil?

Mesmo o voto sendo constitucionalmente obrigatório, há flexibilidade. Há a possibilidade de justificá-lo ou anulá-lo.  Justificar exige um trabalho maior, claro. Mas anular o voto nos casos de total descrença, protesto, ou insatisfação com as opções disponíveis, é muito fácil.

Os descrentes, de modo geral, são os mais alienados. Usam a descrença como desculpa para sua alienação. Quem não acompanha nada só vê o escândalo na TV. Político que trabalha e não rouba não aparece na mídia.  Não seria justamente quem pensa que ninguém na política tem caráter o primeiro a fiscalizar? Não deveria se envolver? Quem desconfia de um funcionário não o acompanha mais de perto?

O voto nulo pode até ser um protesto, uma vez que, representa em números a insatisfação do cidadão. Mas qual o efeito desse protesto? Qual a consequência?  Os maus políticos fazem a festa! Se não estão nem aí para a população, tampouco estão ligando se os eleitores estão ou não satisfeitos. Sempre terá um miserável disposto a trocar seu voto por comida. Se por ventura conseguíssemos a maioria de nulos, invalidando a eleição, gastaríamos mais dinheiro para fazer outra. E aí? Dessa vez faz o que? Vota em alguém? Anula tudo de novo? Até quando? Melhor tomar coragem e fazer logo uma revolução!

Mas há o voto nulo consciente, quando numa ou noutra eleição específica, diante das opções disponíveis, o eleitor decide anular. Aí, é legítimo.

Por ser obrigatório, as pessoas decidem não anular? Se isso acontece, a não obrigatoriedade não acabaria “selecionando” como eleitores somente aqueles que votariam em troca de algo? Mesmo que isso não acontecesse, se nenhum político é ético, como muitos vociferam por aí, para quem seriam esses tais votos conscientes?

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