sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quem vaia, muitas vezes, amigo é...


Acabo de ver o post do Chacal sobre a vaia que levou no Circo Voador.  Alguém comentou que “vaia faz parte da vida do artista”, e eu endosso dizendo: Já diria Lucinha Lins! Já vaiei e vaiaria de novo algumas pessoas. Não me lembro de ter vaiado artistas, mas já vaiei muito político em debate, confesso! Muito concorrente de chapa e, até amigos, em plenárias.

Saindo do mérito da justiça ou deseducação da vaia em si, e analisando o caso do Chacal, a vaia é justamente pela admiração. Esperamos atitudes inteligentes e éticas daqueles que admiramos pela inteligência e pela coragem de publicamente não compactuar com algumas coisas.

Também tenho sentimentos e opiniões dúbias sobre o “patrulhamento”. Por um lado é um saco, por outro, produz uma sociedade, no mínimo menos irritante. Uma série de temas de patrulhamento, são benéficos quando vão ao encontro da garantia de direitos. Não seria esse o caso do racismo e da homofobia? Nesses casos, o não patrulhamento é omissão, não?

Essa eleição foi diferente em muitos sentidos. Pela primeira vez tínhamos uma opção real de mudança, mesmo que não fosse a que você desejou.  A menos que seja um empresário do porte do dono da Delta e que, portanto, vive alienado da realidade da cidade,  qualquer apoio a essa prefeitura é apologia ao crime. Às milícias, às remoções, às demolições, aos aumentos extorsivos de impostos, ao total desrespeito aos Direitos Humanos, à vida quando mata e põe a culpa no trabalhador como no caso do bondinho (melhor nem falar em Sta Teresa, que já foi palco de tantas iniciativas culturais, hoje proibidas)... a “ficha corrida” dessa prefeitura é extensa!

Na minha opinião, esse tipo de patrulhamento entra na galeria do patrulhamento aos racistas ou homofóbos. É simplesmente inaceitável, justamente por vivermos numa democracia (ignorada por nosso autoritário prefeito, que até já declarou seus desejos de vitaliciedade, tão caro ao Senado Imperial que já abrigamos na cidade)

Caro, Chacal! Vc sempre foi um ídolo dos jovens cariocas... Fez escola, cara! O CEP 20000 deixei de frequentar quando foi para o Sérgio Porto, (que acho um caixote inóspito), mas segui acompanhando suas peripécias culturais de longe. Mas nessa você mandou MUITO mal, e a vaia serve de puxão de orelha do teu público. Forma genuína de expressão popular num caso desses. Talvez, não fosse a falta de saco do cidadão para ler notícias inteiras, ou a falta de memória (que alguém mencionou como algo positivo num comentário ao post), a vaia não tivesse acontecido. Mas, certamente haveria um circo mais vazio... Sinais de menos pão, e menos circo na nação?

 A impressão que dá é de que algumas pessoas nem leram o que assinaram. Você viu o que o famigerado manifesto falava sobre a saúde e educação?! Como professora, ainda que da rede particular, achei que devia ser engano seu nome estar lá.

Mas o que dói mesmo, o que não tem justificativa, é defender o governo para defender seu emprego. Sim todos precisamos trabalhar, mas a ética tem que estar acima de tudo. Assim, meu caro, você se iguala a todo e qualquer político que utiliza o bem público em benefício próprio. Iguala-se àqueles que fazem coligações nojentas para garantir mais um mandato. Não era o CEP 20000 que estava em jogo naquele momento, era o futuro do Rio de Janeiro.

Seria mais digno, até, se você afirmasse que concorda com a ideologia da cidade empresa, do Eike, do prefeito, etc.

De toda forma, você terá mais 4 anos para se arrepender, espero que não seja tão amarga a experiência, quanto o foi para nós, ver lá o seu nome.

Nenhum comentário:

Postar um comentário